sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

73 anos do Parque Internacional


Camila Braz Viscardi



     Para estabelecer a linha de divisória entre o Brasil e o Uruguai adotou-se na área de “Fronteira Seca” o chamado “Divisor de Águas”, ele consiste em “uma linha teórica de menor caimento, que limita as terras drenadas por uma bacia fluvial de outra bacia fluvial”.  Em outras palavras, é o divisor de águas estabelecido pela própria natureza, quando a chuva cai corre determinando a linha por onde deve passar a fronteira. Daí a razão da forma irregular que caracteriza a linha limítrofe que vemos em nossa cidade.
Dos 1.068 km de fronteira, temos 320 km nessa situação peculiar onde foram erguidos 1.174 marcos de concreto, que indicam o traçado que divide os dois países.
     Porém a Comissão Demarcadora integrada por elementos de ambos os países, verificou que não mais poderia manter a sinalização da fronteira pelo divisor de águas, conforme vinha sendo feito, sobretudo na área mais urbanizada das cidades onde a linha, por vezes, se confundia.
A partir do chamado “Cerro do Caqueiro”, a linha demarcadora invadiria edificações e cortaria terrenos. Dessa maneira, um trecho de aproximadamente quatro quilômetros ficou pendente, formando-se em parte dessa região, pouco a pouco, um “areal”.

No início do século XX, as cidades cresciam e naturalmente aproximavam-se cada vez mais. E entre elas estava o “areal”, um espaço sem definição de ordem jurídica.
O “areal” era muito popular, ele era utilizado para a prática de competições esportivas e para a instalação de circos que visitavam a fronteira.
O problema de indefinição territorial ficou definitivamente resolvido apenas em 1923, ocasião em que foi sugerida a construção de um “Parque Internacional” que integraria os centros das cidades de Santana do Livramento e Rivera na área até então considerada “terra de ninguém”.
Inaugurado no dia 26 de fevereiro de 1943, na divisa das duas cidades fronteiriças, o Parque Internacional foi um avanço da História de união entre os dois países em uma época em que o mundo ficava perplexo com a Segunda Guerra Mundial.
Com a presença do Ministro do Trabalho e Embaixador Extraordinário do Brasil, Marcondes Filho e o ministro Hector Geroma representante do presidente uruguaio inaugurava-se o cartão postal da Fronteira da Paz.
O Parque foi construído em três planos, no primeiro plano encontramos um obelisco em formato triangular, cuja base é formada por três degraus. O triângulo e o número 3 nos remetem ao simbolismo maçônico. Ao redor encontramos uma corrente de 33 elos – o grau máximo dos maçons – desenhada em pedras.
No alto, próximo da pirâmide do topo, há dois relógios – um de frente para o Uruguai e outro voltado para o Brasil. Na base encontramos, em bronze, o brasão de cada um dos dois países e uma placa com informações sobre a inauguração.
Este primeiro plano simboliza a LIBERDADE.
No segundo plano, está localizada uma fonte que simboliza a IGUALDADE. Ela foi inaugurada no dia 25 de agosto de 1953, inicialmente contando com 18 jogos de luzes, que formavam dezenas de variações de jatos de água.
No terceiro plano, foi colocada uma estátua de bronze representando a MÃE, originalmente destinado à infância que é a expressão da inocência, simboliza a FRATERNIDADE.
A estátua da Mãe, obra do escultor uruguaio José Belloni,foi doada pelos Rotary Clubes das duas cidades e foi inaugurada no dia 24 de abril de 1960.














domingo, 18 de outubro de 2015

Palácio Moysés Vianna – a História do prédio da Prefeitura Municipal




Desde a elevação de Santana do Livramento à categoria de Vila, em 1857, uma das preocupações centrais era a construção de um edifício para sediar a administração municipal.

A construção do prédio teve o apoio fundamental de dois Intendentes Municipais, o Senhor Vigário Augusto Martins da Cruz Jobim e Dr. Moysés Pereira Vianna.

Ao primeiro coube a iniciativa de registrar no orçamento de 1908, a autorização para que o município pudesse contrair um empréstimo para iniciar a construção, e ao segundo a missão de levar adiante a ideia e concretiza-la.  

Escolhido o local em frente à Praça General Osório, foi realizada a compra do terreno que pertencia a Aparício Martins, Arthur Garcia e Coroliano Cabeda pelo valor total de 23 contos de réis, tão logo foram iniciadas as obras, em março de 1909.

Praticamente, todo o material para a edificação, incluindo o cimento, os assoalhos, os forros metálicos e os mármores, foi importado da capital uruguaia.

O projeto do prédio ficou a cargo do engenheiro Cayetano Carcavallo que também veio de Montevidéu e a execução da obra teve como encarregado o construtor Jeronymo Tentardini.

A partir do final de 1910, o edifício passou a ser utilizado, ainda que de forma precária até sua conclusão que se deu sob a administração do Intendente Coronel Juvêncio Maximiliano de Lemos.

O Palácio Moysés Vianna, situado na Rua Rivadavia Corrêa, 858, conta com coroamento feito por frontão curvo, com sótão e campanário para relógio. A cobertura foi feita com platibandas vazadas pelas janelas do sótão e o telhado de mansarda em ardósia no campanário do relógio.

O custo total do Paço Municipal, em valores da época, foi de pouco mais de 300 contos de réis.

           




Referências Bibliográficas

· CAGGIANI, Ivo. Sant’Ana do Livramento 150 anos de história. Edição: Museu da Folha Popular. Sant’Ana do Livramento RGS.

· Fichas de inventário do Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul (SEDA/CHPE/SEC)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

As mais curiosas fronteiras da Terra

O mundo está repleto de fronteiras. Pacíficas, tensas, litigiosas, perigosas, intransponíveis ou até mesmo "hermanas", como a nossa.

Conheça agora algumas das mais curiosas fronteiras da Terra

  •  Ilhas entre os EUA e a Rússia -   Esse limite entre uma ilha e outra, vai muito mais além de uma simples fronteira territorial, é também a divisão entre o hoje e o amanhã! No espaço de cerca de quatro quilômetros que separa as duas ilhas, está a Linha internacional de Data.  Por exemplo, quando for 9h00 de um sábado em uma das ilhas, na outra será 6h00 do domingo e isso a apenas quatro quilômetros de distância.
!





  • Noruega e Suécia - Parte das árvores foram retiradas formando um longo caminho entre os dois países.



  • Haiti e República Dominicana - Com legislação contra o desmatamento, percebe-se a clara diferença entre o Haiti (esquerda) e a República Dominicana (direita).




  •  China e Nepal- O cume do Monte Everest, a montanha mais alta do planeta, marca a fronteira entre os dois países.



  •  Polônia e Ucrânia – Não se assuste.... não são símbolos feitos por extraterrestres. Parte dessa fronteira é decorada todos os anos para um festival de arte local.


  • Estados Unidos e Canadá – Essa é a mais extensa fronteira do mundo, com cerca de 8851 km.







  • Áustria, Hungria e Eslováquia – Uma mesa de piquenique marca o local onde as fronteiras dos três países se encontram.

  • Bélgica, Países Baixos e Alemanha Esse marco é o ponto que delimita a área dos três países.

  • EUA e México - Nogales é uma cidade  norte-americano do Arizona, ela faz fronteira com a cidade de Nogales, no estado de SonoraMéxico.


  • Brasil, Argentina e Paraguai 









domingo, 19 de julho de 2015

Breve biografia do historiador santanense Ivo Caggiani

Filho único dos uruguaios Nicolas Caggiani e Maria Ester Leites Caggiani, Ivo Nicolas Caggiani, nasceu em 27 de maio de 1932 em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul. Foi casado com Jurema Fernandes com quem teve sua única filha, Ester. Foi historiador, jornalista, escritor, vereador líder da Bancada do MDB e professor.
               Iniciou seus estudos com docentes particulares, sendo depois matriculado no Colégio Santanense, dos Irmãos Maristas, onde concluiu o ensino elementar e cursou o antigo curso ginasial.
Mudou-se para Porto Alegre em 1950 para dar continuidade em seus estudos frequentando os colégios Cruzeiro do Sul e Nossa Senhora do Rosário.
Começou a trabalhar, em sua cidade natal, aos 12 anos de idade, sendo entregador do jornal “O Republicano”, no qual seguiria carreira: foi revisor, repórter, correspondente em Porto Alegre e redator-chefe até 1952, quando o jornal fechou as portas. 
Na capital, foi estagiário do Museu Júlio de Castilhos, anos mais tarde, em 25 de janeiro de 1952, ajudou a fundar em Santana do Livramento, o Museu Municipal David Canabarro onde foi diretor até outubro de 1953.
Quadro de Carlos Fonttes
Como jornalista, trabalhou no jornal “A Plateia” e no “Diário do Sul” até o fim de 1954, quando, em sociedade com Sérgio Fuentes, fundou a “Impressora Limitada”. Em fevereiro de 1955 reabriu o jornal “Folha Popular”, do qual foi diretor-chefe por vários anos.
Paralelamente as atividades jornalísticas, desempenhou o papel de professor, de 1952 a 1958, no Instituto Livramento, da Igreja Anglicana, lecionando a disciplina de História, no então curso ginasial.
A partir de 1961, começou a ter problemas com os militares, pois, fazia  Movimento da Legalidade comandado por Leonel Brizola, chegando a criar um comitê de resistência democrática em Santana do Livramento.
Por ocasião do golpe em 1964, Caggiani passou a responder a diversos IPM – Inquéritos Policiais Militares e, por determinação dos militares, de 1964 a 1969, viu-se obrigado a deixar a direção do periódico, nesse período é preso por várias vezes.
Nos últimos anos de sua vida dedicou-se ao resgate da memória santanense, reunindo documentos e objetos no Museu da Folha Popular. 



Escreveu diversos números dos chamados Cadernos de Sant'Ana, além de 26 livros dentre eles: Vultos de Santana (2 volumes); Santana do Livramento – 150 Anos de História (3 volumes) e O Poder Legislativo em Santana do Livramento. 
Foi biógrafo de diversos personagens históricos, destacando-se Carlos Cavaco; Vitélio Gazapina – Um Benemérito de Santana; João Francisco – A Hiena do Cati; David Canabarro, de Tenente a General; Flores da Cunha – Livro biográfico, e Rafael Cabeda – Símbolo de Federalismo.
Ivo Caggiani faleceu no dia 19 de abril de 2000.


             


Referências Bibliográficas

 Livro Revista Genealógica Latina – 1956
http://www.cbg.org.br/novo/colegio/historia/galeria-socios/ivo-caggiani/ 
Quadro:http://www.artmajeur.com/pt/artist/carlosfonttes/collection/telas-a-oleo-2/1054661/artwork/o-historiador-caggiani-500-p/759765

terça-feira, 14 de julho de 2015

14 de Julho - 113 anos de História


O Esporte Clube 14 de Julho nasceu em 1902 no antigo areal onde atualmente está localizado o Parque Internacional, na fronteira entre Santana do Livramento e Rivera. O clube é o terceiro mais antigo do Brasil em atividade e o primeiro a usar as cores rubro-negras – o Flamengo, rubro-negro mais famoso, foi criado apenas em 1912, antes dessa data era apenas um clube de regatas.
A gurizada estava encantada com o “foot ball”que teria chegado primeiro do lado de lá da Fronteira, sendo conhecido como “pelota pata” pelos uruguaios.
De tanto admirar os times de Rivera, os garotos resolveram montar uma equipe  para confrontar os clubes do país vizinho. Foram fundadores: Pedro Lay, Coriolano Cabeda, Licurgo Cruxen, Armelino Garagorry, Henrique Carvalho, João Caffone, José Ramos, Roberto Calero, Argemiro Zimerman, Julio Sillia e os irmãos Ávila. Sendo escolhido como primeiro presidente Felizardo Ávila.
Em 1909, o time já bem estabelecido, participaria de um torneio em Rivera, a Copa de Plata La France, juntamente com quatro equipes uruguaias (Lavalleja, Tabaré, Uruguayo, 5º de Caballería), consagrando-se campeão da competição e a primeira equipe brasileira a ganhar um torneio de âmbito internacional.
Em março de 1914, surgiu o apelido notório "Leão da Fronteira". A alcunha teria nascido devido a raça dos jogadores do 14 de Julho em um empate em partida amistosa com o Peñarol do Uruguai. Após a partida, os jogadores do Peñarol elogiaram o empenho da equipe santanense, afirmando repetidas vezes que haviam "jogado contra uma equipe de leões desta fronteira".
O apelido pegou em 1919 quando o clube goleou o Internacional por 6 a 2 em pleno Estádio dos Eucaliptos. No dia seguinte, os jornais de Porto Alegre, em especial o Diário de Notícias, estamparam as manchetes com expressão “Leão da Fronteira”. Em alusão a esse episódio, nascia o distintivo do clube, com a figura de um leão.
Um ano depois, em 1920, o jogador santanense Cipriano Nunes da Silveira, conhecido como Castelhano, foi convocado pela Seleção Brasileira para disputar o Sul-Americano no Chile. Mais três gaúchos foram convocados para aquela competição, mas atuavam em clubes de outros Estados.
Ao longo dos seus 113 anos de História, o 14 de Julho construiu uma  trajetória marcada por grandes vitórias, tendo destaque os três tricampeonatos  de municipais (1943/44/45; 1958/59/60 e 1964/65/66), a terceira colocação no Gauchão de 1952 e o vice campeonato da Segunda Divisão Estadual em 1979.

Referências Bibliográficas:  
Livro “100 Años de la Liga Departamental de Fútbol de Rivera” de Marco da Silva Lucas
http://www.arquivodeclubes.com/rs/14livramento.htm

Equipe do 14 de Julho formada por da esquerda pra direita em pé: Trinidad, Diogo,Piche,Breno,Vieira e Caçapava  e agachados : Caveira, Valmir,Luiz Carlos Martins(Motorzinho), Canário e Gitinha -  década de 60.


Foto cedida por José Itagibe

sábado, 20 de setembro de 2014

Cinemas da Fronteira

Um pouco sobre a História dos Cinemas da Fronteira
por Camila Braz Viscardi

A Fronteira da Paz já teve uma efervescente vida cultural, a cidade de Rivera contou com cinco grandes cinemas:


- América - para 800 pessoas


- Astral - para um público de 650 pessoas






- Avenida - para 400 pessoas




- Gran Rex - para um público de 1.100 pessoas







- Imperial - ?







Em Santana do Livramento, na década de 20, funcionavam os seguintes cinemas: Teatro Brasil-Uruguai, na rua dos Andradas, Teatro Internacional, na avenida Ataliba Gomes, Cine Avenida, na rua Uruguai e além do Teatro Sete de Setembro, localizado no prédio do antigo fórum.





Mais tarde, entra em funcionamento o cinema Duque, na R. Salgado Filho, nº 169. Em 1960 o cinema possuía 500 lugares e utilizava um aparelho projetor para filmes de 35 mm.
Na década de 50, entra em funcionamento o cinema Colombo, na R. dos Andradas, nº 611. Em 1960 era propriedade de Paulo Jobim de Moraes, o cinema possuía 750 lugares e utilizava um aparelho projetor para filmes de 35 mm.
Em 1957, começa a funcionar o cinema Internacional, na R. Ataliba Gomes, nº ?. Em 1960 era propriedade de Paulo Jobim de Moraes, o cinema possuía 1425 lugares e utilizava aparelho projetor para filmes de 35 mm.



Ainda contávamos com os chamados cinemas de bairro que atendiam a população mais pobre da cidade como o querido cinema Hermes  que se localizava nas imediações do Beco do Maragato.







Apesar da pujante cena cultural de épocas passadas, o último cinema da época de ouro, o Cinema Internacional fechou suas portas em fevereiro deste ano.









FONTE: http://www.carlosadib.com.br/ciners_fatos.html


http://www.uruguaytotal.com/estrenos/salas/capacidad.htm#rivera

FOTOS: Acervo da página Memória da Fronteira e Don Hermes